quarta-feira, 11 de novembro de 2015

"A DOCE VIDA" EM DIGITAL



“A Doce Vida”(La Dolce Vita)passou em Belém no finado Cine Palácio. Era o carro-chefe da produção da Art Filmes na ocasião. Mas afugentava o grande publico na opção por fatos e não por uma historia. Quem tinha visto “Os Boas Vidas”(I Vitteloni) e os filmes que Fellini fez com Giulietta Masina estranhava o painel da sociedade europeia nos anos 50, quando, num dos últimos planos, uma pessoa fala do futuro, 1959, dizendo que ali estará mais confuso o modo de vida dos citadinos. Isto depois de uma festa com ares de orgia romana (antiga). . Mudando de estilo o cineasta faz um painel de um tempo de mudanças. Já não impressiona uma “Miss Sereia ”gravida (em “Os Boas Vidas”). Nem a tentativa de reanimar Cabiria com os jovens cantando em seu redor. Fica o escritor que mata a família e se mata. E já no começo de quase 3 horas de projeção uma revoada da imagem de Cristo com as pessoas acenando como se fosse uma curiosidade alada.
 O desencanto é a tônica de “La Dolce Vita”. Fellini aproxima seus tipos dos que veria em Roma antiga na sua versão de “Satyricon”. São figuras que se enaltecem com o fugaz, desprezando as coisas de espirito. Na festa que encerra a ronda do jornalista (Mastroianni) pela Roma moderna há um vazio que se espelha na iluminação e no enquadramento do cinemascope. O filme fez sucesso. Especialmente na Itália. O banho de Anita Ekberg na Fonte de Trevi ganhou lugar entre as sequencias emblemáticas do cinema em geral. E a fonte ficou mais conhecida pelo mergulho da loura sueca (morta este ano aos 83). Rever o filme hoje é como ter contato com a Historia. Não só do cinema. Fellini estaria no cenário com o seu posterior “8 e Meio”. E depois desta visão apocalíptica da sociedade romana ele nunca mais visitou a seara de Gelsomina ou Cabiria . Reprise no Cine Libero Luxardo em cópia digital.(Pedro Veriano)

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