45 ANOS
Por Francisco Cardoso*
Direção: Andrew Haigh
Produção: Reino
Unido/2015
3º longa do diretor que
anteriormente dirigiu “O grego Pete” (2009) e “Weekend” (2011)
O tempo servirá para o
espectador medir a importância do conteúdo da carta recebida, às vésperas de
Kate e Geoff comemorarem quatro décadas e meia, juntos. O que a carta informa,
será tão marcante, afetando não só a semana que antecede a festa programada,
mas todo um relacionamento tranquilo e equilibrado vivido pelo casal durante os
anos que se encontram juntos.
A informação trazida pela
correspondência é de que, o corpo de um primeiro amor de Geoff, caído em
montanha na Suíça (que ficara desaparecido), é encontrado congelado depois de
tantos anos. O episódio transforma-se em mais do que uma rápida nevasca no
maduro convívio do casal até então.
Cada capítulo diário da
narrativa, registrará, a partir da carta, uma transformação na relação dos
parceiros. Os passeios matinais de Kate é um exemplo destas mudanças.
O trabalho muito bom do
diretor Andrew Haigh dependia especialmente do trabalho de seus atores centrais.
Charlotte Rampling (Kate) e Tom Courtenay (Geoff), estão excelentes, ao
ponto de, no Festival de Berlim 2015 serem escolhidos como melhor atriz e
melhor ator respectivamente.
A força das
interpretações está mais presente nas expressões corporais/faciais do que nos
diálogos. No comportamento constantemente confuso de Geoff e nos olhares
expressivos de Kate. Câmera fixa e movimentos quase imperceptíveis ajudam a
transmitir os sentimentos presentes.
“45 anos” marca uma nova
etapa do Cine Estação com a projeção digital. A escolha não poderia ter sido
melhor. Parabéns ao amigo Augusto Pacheco, competente programador/coordenador
da Sala.
Cotação: Muito Bom
*Francisco Cardoso é
professor e membro da Associação Paraense de Críticos de Cinema