quarta-feira, 1 de junho de 2016

CINEMA EUROPEU



A mostra de filmes europeus é uma dadiva ao espectador local que deseja fugir do esquema de filme-diversão das salas dos shoppings onde se qualifica o cinema como espetáculo de feira com mercadoria destinada a menores mentais.
                “Ocidente”(Westen), representante da Alemanha, é um raro exemplo de se mostrar como a Berlim Ocidental, do tempo em que a capital alemã estava dividida, não era o paraíso apregoado  em  tantos filmes de Hollywood. Em 1978 a cientista com doutorado em Química, Nelly Seniff(a ótima Jördis Tribel), deixa a Berlim Oriental acompanhada do filho quando o companheiro é dado como morto em outra cidade. Ela pensa que seu titulo escolar e sua neutralidade politica podem gerar um bom emprego na praça capitalista. Mas é um engano e o drama que sofre realça um quadro que a mídia, especialmente a americana propagou de forma diversa. Direção de Christian Schwochow detentor de 12 prêmios internacionais com base em um livro de Julia Franck, autora de um documentário biográfico.
                “Alabama Monroe” foi candidato a Oscar de filme estrangeiro(é belga). A origem é teatral mas a direção de Feliz Van Groeninger dá uma dinâmica cinematográfica no drama de um casal, ele musico especializado em canções “county”,que luta pela filha doente.
                “O Idealista”(Idealisten) é dinamarquês. Longe da linguagem de um Lars Von Trier trata em tom documental a investigação de um repórter sobre a queda de um avião americano na fronteira com a Groenlândia portando uma bomba de hidrogênio. Informações escassas tentam esconder um desastre ecológico ainda palpável. Dinâmica direção de Christina Rosendahl.
                “O Limpador”(Cistic),  da Eslováquia, focaliza um jovem faxineiro que se diverte como “voyeur” e nisso encontra o amor em uma jovem maltratada pelo amante. O romance foge da linha melodramática e tem um final atípico. Direção de Peter Bebick.
                “Feliz Para Morrer”(Srecen za Umret) é da Eslovênia e me pareceu o mais sensível dos filmes da mostra. Colocado pelo filho num asilo, um homem de 76 anos, depois de perder a mulher e a casa, compra uma sepultura e só pensa em se preparar para o fim. Mas ao frequentar aulas de informática encontra uma viúva que lhe dá um alento apesar de seu gênio difícil. O final pode parecer enigmático mas o filme sempre procura ser original dentro de um tema gasto pelo uso. Direção de Matevz Luzar.
                “As Ovelhas Não Perdem  Trem”(Las Ovejas no pierden el tren) é da Espanha  e tem um toque “buñueliano”nas pitadas surrealistas de um grupo de quarentões que tenta se acomodar na moda atual. Direção de Alvaro Fernandez Almero.
                “Hope”, filme francês do argelino Boris Lojkin trata de um argelino que foge de sua terra levando consigo uma nigeriana em péssima situação(inclusive alvo de estrupo). O objetivo é chega a Paris mas as dificuldades de seguirem juntos é bem caracterizada nos planos amplos do deserto por onde caminha. Impressionante.
                “Aglaja” da Hungria acompanha uma menina filha de gente de circo: um palhaço e uma equilibrista. A juventude da personagem se faz num ambiente dramático onde os pais se separam e a mãe ganha um emprego simbólico para seu estado de vida: seguir pendurada pelos cabelos à grande altura. Direção de Kriszalina Deck. Tudo funciona gerando emoções.
                “Boas Vibrações”(Good Vibrations), da Irlanda, é a luta do dono de uma loja que vende discos na Belfast dos anos 70 quando estava acirrada a luta entre católicos e protestantes e ainda o sentimento de revolta pela dependência inglesa. Ele atende a uma banda de jovens apostando no rap em uma plateia que pague seus custos. O ideal sempre é maior. Direção de Lisa Barros D’as e Glenn Leyburn.
                “Só o Melhor para os Nossos Filhos”(Haf Beste Voor Kees), da Holanda, centra-se num menino autista, depois um homem preocupado com os pais idosos que sempre o tratam. Um docudrama muito bem realizado por Monique Nolte.
                “Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul de Bordéus” representa Portugal e trata do que foi uma espécie de Schindler luso: um embaixador que recusa a ordem de ditador Salazar em recusar a entrada de judeus na Lisboa do tempo da 2ª Guerra Mundial, quando muitos fugiam do nazismo. Mendes arriscou posição e vida ajudando muitos refugiados.Direção de Francisco Manso e João Correa.
                “Uma Separação”(A Separation) é um documentário sueco sobre como um casal desfeito planeja o seu futuro, desde a arrumação da casa. Direção de Karin Ekberg.

                Um ´programa a ser visto por quem realmente gosta de cinema,(Pedro Veriano)

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