sábado, 2 de julho de 2016

O AMIGO HINDU


O AMIGO HINDU
Plenamente compreensível o fracasso das exibições locais de “Meu Amigo Hindu”(2015) o filme de Hector Babenco. Só agora tive acesso a ele em cópia dvd. O roteiro é uma espécie de expiação do sofrimento que o cineasta sofreu com sua doença e tratamento. Portador de um linfoma, teve de fazer implante de medula óssea apelando para um irmão doador com quem não mantinha boa relação. E o longo trajeto entre hospital e espaço de convalescência, evidenciando o desnível na relação sexual, além da forte impressão de que caminhava para a morte, ganha a correspondência em imagens apoiando-se especialmente no ator Willem Dafoe, realmente bem colocado no que se exige do tipo.
Mas o filme é excessivamente particular, e as prioridades de lembranças seguem não o quadro clinico, mas o afetivo, tentando expor os sentimentos do enfermo, não oferecem embasamento para uma trama de cinema comercial. Nem chega perto do esboço da incomunicabilidade pintado por Antonioni em seus filmes mais festejados. Até mesmo a inclusão de uma figura que representa um enviado da morte(papel do ator Selton Mello), passa sem profundidade.
“Meu Amigo Hindu”é tão carente que o próprio titulo, com base em um menino que o doente vem a conhecer e que faz de confidente, não ganha a profundidade capaz de justificar a eleição de melhor lembrança.
Babenco é um argentino naturalizado brasileiro que entre nós fez bons filmes. Seu “Carandiru” saiu agora em nova edição dvd. Refeito do câncer, tenta a volta por trás das câmeras com muita pretensão. É compreensível o seu trabalho e sua sinceridade. Mas não comunica. Nem com os críticos que pedem cinema profundo sem exceção. Creio que dito assim compreendo o motivo de poucos espectadores por aqui no “Estação” e mesmo assim abandonando a sala antes do final ou saindo comentando a “chatice”.
Nem sempre apenas o que se sente possa ganhar filme. Há de se notar o que os outros também sintam.(Pedro Veriano)

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